Caros Leitores, hoje falaremos sobre a Pilha de Daniell, fiquem ligados!
A reação dada abaixo é um exemplo de reação de oxi-redução que você mesmo pode fazer facilmente:
Mergulhe parcialmente uma chapa de zinco (cor cinza) numa solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), durante 15 ou 20 min. Ao retirar a chapa de zinco, você notará que a parte que ficou mergulhada na solução estará recoberta por um material avermelhado, que é cobre metálico.
O que aconteceu nessa experiência?
Houve simplesmente uma reação de deslocamento (que é também de oxi-redução):
Essa equação pode ser assim simplificada:
Dessa simplificação resulta a seguinte equação iônica:
Essa última equação pode ainda ser subdividida em duas etapas, a saber:
É fácil perceber que somando essas duas semi-reações e cancelando os dois elétrons (esse cancelamento é indispensável, pois corresponde ao próprio balanceamento da equação), voltaremos à equação primitiva:
Na reação que estamos considerando, o metal
zinco (Zn0) sofre oxidação, pois perde 2 elétrons (2e-) para o cátion cobre (Cu2+);
este, por sua vez, ao receber os 2 elétrons, sofre redução.
É muito importante notar que a reação Zn0 + Cu2+ → Zn2+
+ Cu0 é espontânea, enquanto a reação inversa (Cu0 + Zn2+ Não
ocorre) não é espontânea. Generalizando, podemos dizer que certos metais têm mais tendência de
ceder elétrons, enquanto outros têm mais tendência de receber elétrons. Essa
observação é muito importante para o estudo das pilhas, que agora iniciamos.
1.1 - A montagem e o funcionamento da pilha de Daniell
Retomemos as seguintes equações:
Se pudermos fazer com que o Zn0 ceda elétrons ao Cu2+ através de um fio externo, teremos construído uma pilha
— a chamada pilha
de Daniell.
E como é feito isso?
A montagem esquemática
da pilha de Daniell é a seguinte:
Veja que existem dois compartimentos, chamados meias-células, separados por uma porcelana
porosa. Fechando-se o interruptor, estará fechado um circuito elétrico, no qual teremos:
- no compartimento da esquerda (chamado meia-célula do zinco), a reação Zn0 → Zn2+ + 2e- (chamada semi-reação do zinco), que fornece os elétrons que irão transitar pelo fio externo em direção à chapa de cobre;
- no compartimento da direita (chamado meia-célula do cobre), a reação Cu2+ + 2e → Cu0 (chamada semi-reação do cobre), que captura os elétrons que estão chegando pelo fio externo.
Ainda na figura, notamos a presença de uma “parede”
de porcelana porosa cuja
finalidade é impedir a mistura das duas soluções, permitindo, porém, a passagem de íons que estão sendo
atraídos por forças elétricas. De fato, na solução à esquerda (meia-célula do
zinco), começa a haver excesso de íons positivos Zn2+,produzidos pela reação Zn → Zn2+ +
2e-;
e, na solução à direita (meia-célula do cobre),
começa a haver excesso de
íons negativos SO42+,
provenientes da descarga dos íons Cu2+ (Cu2+
+ 2e- → Cu0)
do CuSO4. Em
conseqüência, para estabelecer o indispensável equilíbrio elétrico, começa o
trânsito de íons Zn2+ para a direita e de íons SO42+ para a esquerda, através da porcelana porosa; esse movimento de íons
representa a “corrente
elétrica” dentro da solução.
Com isso, fecha-se o circuito elétrico,
tendo-se:
• elétrons circulando através do fio externo e
dos eletrodos;
• e íons circulando através das soluções.
Evidentemente, se a qualquer instante abrirmos
o interruptor, todo o processo descrito para imediatamente.
Após
certo tempo de funcionamento da
pilha, teremos:
A esta altura, notamos que:
• a chapa de zinco foi corroída;
• a solução de CuSO4 ficou mais diluída;
• a solução de ZnSO4 ficou mais concentrada;
• a massa do eletrodo de cobre aumentou.
Ora, tudo isso é uma simples conseqüência da reação global de funcionamento da pilha:
Em princípio, essa reação deveria processar-se
(isto é, a pilha iria funcionar) até que se acabasse um dos reagentes — ou a
chapa de zinco (Zn0), ou o CuSO4 da solução.
Entretanto, com o passar do tempo, notamos que
a voltagem da pilha vai diminuindo, o que indica que a reação é reversível:
Como toda reação reversível, ela atingirá um equilíbrio, que será então indicado pela voltagem zero da pilha.
Convencionou-se representar a pilha de Daniell (e todas as demais pilhas), esquematicamente, da seguinte maneira:
Veja que devem ser indicados os metais que formam os eletrodos, as soluções com as respectivas concentrações e a temperatura de funcionamento da pilha.
Fonte: Feltre, Ricardo, 1928- .
Química / Ricardo Feltre. — 6. ed. —
São Paulo : Moderna, 2004.
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